Desenvolvida em Campinas, tecnologia era usada na manutenção das urnas eletrônicas utilizadas durante as eleições
O Brasil já possui uma tecnologia para remanufatura de displays de LCD que promete reduzir o impacto ambiental do lixo eletrônico produzido hoje no País com o consumo de computadores, notebooks, celulares e televisores de tela plana.
A tecnologia é desenvolvida pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), originário de Campinas, e a tecnologia é usada para a manutenção dos LCDs aplicados nas urnas eletrônicas utilizadas em todo o território nacional pelo governo brasileiro, durante as eleições, e agora está sendo repassada a empresas que queiram reparar displays de produtos eletrônicos.
O engenheiro responsável pela prestação de serviços da Divisão de Microssistemas e Empacotamento eletrônico do CTI, Márcio Tarozzo Biasoli, disse que praticamente todos os defeitos de uma tela de LCD são passíveis de recuperação levando em conta infraestruturas ambientais, de equipamentos e materiais que tornam isso possível. Segundo Márcio Biasoli o defeito é possível de ocorrer por uma série de razões. Em casas que tem crianças o LCD pode ser riscado.
Película da tela de LCD
O vidro da tela de LCD tem uma película chamada polarizador que torna ele bem escurecido quando o aparelho está desligado e essa película é muito fácil de ser riscada. “Um percentual significativo de defeitos ocorre em função desses riscos na tela e aí o usuário acha feio ou a empresa acha que não é útil para ser apresentado e recolhe como sucata. Tem também defeitos eletrônicos que são provocados por falha na alimentação eletrônica do vidro do LCD que leva ao aparecimento de linhas, às vezes colunas ou faixas pretas na tela”, explica.
Para esta recuperação da tela riscada é necessário um estudo preliminar para identificar um polarizador equivalente para dar o mesmo efeito ao que foi aplicado anteriormente. O ambiente deve estar totalmente limpo e aplicação da película ocorre numa sala de filtragem que elimina as partículas do ar.
“Quando você retira a película que está danificada o vidro fica exposto, portanto nenhuma película de poeira pode ficar no vidro, pois se isso ocorrer quando for aplicada a nova película ficará em evidência mostrando a imperfeição na tela”, diz.
O único caso em que não há recuperação do display é numa situação de rachadura ou quebra do vidro. Márcio Tarozzo explicou que a tela de LCD é formada por duas placas de vidro bem próximas na proporção de 1 milésimo de milímetro e no meio delas fica um cristal liquido que faz com que a imagem passe de um lado para outro e em qualquer uma das duas situações o cristal liquido vaza tornando o dano irreparável.
Recuperação
O trabalho de recuperação de displays realizado pelo CTI começou em 2000, quando o governo precisou consertar um conjunto de LCDs, aplicados nas urnas eletrônicas, adquirido de uma empresa estrangeira e que deram defeito. A empresa contratada pelo poder público para a manutenção desses aparelhos pediu ao CTI que desenvolvesse uma solução tecnológica para reverter esse problema.
Desde então, o centro de tecnologia da Informação Renato Archer é o único no país a oferecer esse serviço para os displays das urnas. O centro foi responsável pelo conserto de centenas de milhares desses dispositivos.
O centro mantém um laboratório de manutenção de LCDs das urnas com capacidade de reparar cerca de 150 displays por semana. O processo de recuperação é viável economicamente para uma quantidade maior de elementos visando melhor otimização dos recursos.
Fonte: dci